Andava pelo zoológico com minha prima, fazendo uma de guia turística. O dia estava lindo, e passeávamos trocando passos devagar e silenciosas em meio às árvores. Quando dei por mim, estávamos nos aproximando de uma área que eu sempre evitava. Tentei apertar o passo em outra direção, mas já era tarde, minha prima deu um gritinho de surpresa e me puxou o braço até a ilha dos macacos-prego.
Empurravam uns aos outros, se penduravam, escondiam comida sob os gritinhos das crianças e de suas mães e pais. Minha prima que assistia interessada, demorou me perceber gelada, e com as mandíbulas tão cerradas que não passaria nem sinal de wi-fi. Quando se deu por satisfeita, girou os pés e me puxou continuando o passeio.
- Que foi?
- Nada.
- Tá.
Mas, não foi o suficiente. O pequeno diálogo se repetiu por algumas vezes, até que finalmente cedi.
“Eu tinha sete anos eu estudava em um colégio maravilhoso, muito bonito, amplo, com duas piscinas que usávamos uma vez por semana e um zoológico. Uma das maiores aventuras da época era chegar um pouco mais cedo e explorar todo aquele território, se pendurar nas árvores, imitar as araras e pular a grade de segurança pra poder tocar na pele da jibóia ou pegar nas mãozinhas dos macaquinhos-prego.
Estava eu com minhas duas fiéis escudeiras – ou se eu era fiel escudeira de alguma delas, não me lembro – explorando e criando nossas histórias e salvando personagens inocentes das mãos dos vilões. Na missão do dia precisaríamos, para salvar a galáxia, pegar a Jóia-mor na mão da Macaca-Mãe.
Como adorava dar uma de destemida aventureira (hm, Dora?) pulei a grade de segurança para o encontro com a Macaca-Mãe e fui seguida por uma das minhas amigas, minto, pela capitã M enquanto a Soldada A montava guarda, para nos alertar caso o grande Guardião aparecesse (Seu Afonso, o zelador).
Ofereci então, um tributo a Macaca-Mãe: um pedacinho de Cheetos (pobre animal). Ela parecia interessada e, até então, pensava que poderíamos pensar num acordo. Entretanto algo lhe chamou mais atenção que a guloseima com aroma de chulé na minha mão: um de meus cachinhos. E melhor ainda! Grupos e grupos deles, intermináveis enormes, volumosos. A ela, lhe parecia um negócio muito melhor.
Quando ela agarrou o primeiro e começou a gritar a amiga que estava na guarda desertou. Saiu correndo sem nem olhar pra trás e não deu tempo nem de escutar um “TRAIÇÃO”, nem de ver a horda de macaquinhos que correram aos berros para conhecer o novo brinquedo. Todos eles queriam um pedaço e agarravam e puxavam pra perto deles enquanto arrastavam minha cara na grade menor mas, que ainda (graças!), existia entre nós.
Minha outra amiga parada em choque não conseguia nem se mover e ficava olhando horrorizada enquanto eu sumia numa selva de cabelo e macacos. Pareciam milhares e se multiplicavam tanto que nem vi mais de onde saíam tantas mãos e pezinhos.
A maioria tinha o seu pedaço agora e os que não alcançavam sacudiam as grades enquanto gritavam em reprovação toda vez que eu conseguia me livrar de um parzinho de mãos. Eles começaram a perceber que quanto mais puxavam mais sons engraçados eu fazia e afinal, quem não gosta de sons engraçados? Parecia uma hidra interminável e eu ainda estava arrasada com tamanha traição da Soldada A que desapareceu sem dar vestígio. Até que, tão repentinamente quanto começou, um a um decidiram que: catar piolho, cheira o dedo ou dar uma cochilada parecia ser mais interessante. Quando dei por mim só tinha um que ainda se divertia comendo meu cabelo. Puxei meu cachinho com o pouco de dignidade que me restava, puxei a capitã M ainda congelada e fui pra sala de aula onde a soldada A estava sentada na primeira fileira perguntando pra professora quantas linhas era pra pular na questão.
ps. Soldada A é até hoje uma amiga querida, ainda bem que com sete anos não levamos deserção tão a sério ;).
Empurravam uns aos outros, se penduravam, escondiam comida sob os gritinhos das crianças e de suas mães e pais. Minha prima que assistia interessada, demorou me perceber gelada, e com as mandíbulas tão cerradas que não passaria nem sinal de wi-fi. Quando se deu por satisfeita, girou os pés e me puxou continuando o passeio.
- Que foi?
- Nada.
- Tá.
Mas, não foi o suficiente. O pequeno diálogo se repetiu por algumas vezes, até que finalmente cedi.
“Eu tinha sete anos eu estudava em um colégio maravilhoso, muito bonito, amplo, com duas piscinas que usávamos uma vez por semana e um zoológico. Uma das maiores aventuras da época era chegar um pouco mais cedo e explorar todo aquele território, se pendurar nas árvores, imitar as araras e pular a grade de segurança pra poder tocar na pele da jibóia ou pegar nas mãozinhas dos macaquinhos-prego.
Estava eu com minhas duas fiéis escudeiras – ou se eu era fiel escudeira de alguma delas, não me lembro – explorando e criando nossas histórias e salvando personagens inocentes das mãos dos vilões. Na missão do dia precisaríamos, para salvar a galáxia, pegar a Jóia-mor na mão da Macaca-Mãe.
Como adorava dar uma de destemida aventureira (hm, Dora?) pulei a grade de segurança para o encontro com a Macaca-Mãe e fui seguida por uma das minhas amigas, minto, pela capitã M enquanto a Soldada A montava guarda, para nos alertar caso o grande Guardião aparecesse (Seu Afonso, o zelador).
Ofereci então, um tributo a Macaca-Mãe: um pedacinho de Cheetos (pobre animal). Ela parecia interessada e, até então, pensava que poderíamos pensar num acordo. Entretanto algo lhe chamou mais atenção que a guloseima com aroma de chulé na minha mão: um de meus cachinhos. E melhor ainda! Grupos e grupos deles, intermináveis enormes, volumosos. A ela, lhe parecia um negócio muito melhor.
Quando ela agarrou o primeiro e começou a gritar a amiga que estava na guarda desertou. Saiu correndo sem nem olhar pra trás e não deu tempo nem de escutar um “TRAIÇÃO”, nem de ver a horda de macaquinhos que correram aos berros para conhecer o novo brinquedo. Todos eles queriam um pedaço e agarravam e puxavam pra perto deles enquanto arrastavam minha cara na grade menor mas, que ainda (graças!), existia entre nós.
Minha outra amiga parada em choque não conseguia nem se mover e ficava olhando horrorizada enquanto eu sumia numa selva de cabelo e macacos. Pareciam milhares e se multiplicavam tanto que nem vi mais de onde saíam tantas mãos e pezinhos.
A maioria tinha o seu pedaço agora e os que não alcançavam sacudiam as grades enquanto gritavam em reprovação toda vez que eu conseguia me livrar de um parzinho de mãos. Eles começaram a perceber que quanto mais puxavam mais sons engraçados eu fazia e afinal, quem não gosta de sons engraçados? Parecia uma hidra interminável e eu ainda estava arrasada com tamanha traição da Soldada A que desapareceu sem dar vestígio. Até que, tão repentinamente quanto começou, um a um decidiram que: catar piolho, cheira o dedo ou dar uma cochilada parecia ser mais interessante. Quando dei por mim só tinha um que ainda se divertia comendo meu cabelo. Puxei meu cachinho com o pouco de dignidade que me restava, puxei a capitã M ainda congelada e fui pra sala de aula onde a soldada A estava sentada na primeira fileira perguntando pra professora quantas linhas era pra pular na questão.
ps. Soldada A é até hoje uma amiga querida, ainda bem que com sete anos não levamos deserção tão a sério ;).